Abro a janela com sono
Porto alegre está linda
manhã de quase outono
e o verão já finda
Hoje, me quero leve
feliz o dia inteiro
a vida, dizem, é breve
como vento passageiro
Não pensar em salário
nem no medo de assaltante
não ouvir noticiário
nem câmbio flutuante
Uma vez, uma somente
esquecer a corrupção
por mais que seja urgente
não procurar a solução
Quero mel do mais puro
e refeição frugal
ignorar o tal do juro
e a poluição ambiental
Quero ouvir rouxinóis
quero um som de cascata
melodia em si bemóis
acordes de sonata
Quero, enfim, desligar
quero outrora boreal
ir prá beira do mar
juntar contas de coral
Não duvidem de meu juízo
nem do meu único neurônio
quero visitar o paraíso
furando a camada de ozônio!
A ESCRITORA

Autora do livro Daqui da minha janela-Acontecências . Porto Alegre: Alcance, 2008
